quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Windhand | "Grief's Infernal Flower" (2015)

Windhand é hoje considerada uma das mais respeitadas bandas do panorama Doom Metal. O seu curriculum vitae apresenta um aperfeiçoamento notável de disco para disco e este “Grief’s Infernal Flower” parece simbolizar o apogeu da banda americana. Recordo-me de testemunhar a aparição do seu self titled na primavera de 2012 e ter ficado impressionado com a sua sonoridade corpulenta e cáustica. Em 2013 vi-me forçado a comprar o “Soma”, e agora deparo-me com este seu mais recente registo produzido em Seattle pelo emblemático Jack Endino (Nirvana, High on Fire, Soundgarden, Mudhoney,…) e lançado pela Relapse Records, que certamente figurará entre os melhores discos do ano. “Grief’s Infernal Flower” foi um dos discos mais aguardados do ano pelos seguidores da banda e do género (e eu encaixo-me nessa colectiva expectativa desassossegada, é claro). Todos os discos de Windhand descendem das mesmas raízes e este não foge à regra: Doom Metal musculado, denso e hipnótico com uma vertente Heavy Psych’eana que lhe confere uma atmosfera nebulosa e petrificante. Este quinteto natural de Richmond, Virginia (EUA) presenteia-nos com mais de 1h de constante narcose que nos amortalha e fascina. As duas guitarras abraçam-se, criando riffs massivos, monolíticos, ostensivos e portentosos capazes de fazer estremecer a crosta terrestre da nossa lucidez; O baixo inquisidor, de linhas lentas e pesadas passeia-se com distinção pela narcotizante reverberação de “Grief’s Infernal Flower”; A bateria de passada vagarosa mas incisiva vivifica todo este cortejo fúnebre, provocando em nós efusivos espasmos de prazer; A harmoniosa, mélica e espectral voz de Dorthia Cottrell passeia-se elegantemente acima deste oceano profundo e obscuro onde os restantes instrumentos se exorcizam numa visceral emancipação. Não é fácil despertar deste torpor causado pela audição de “Grief’s Infernal Flower”. É um disco de atmosfera intensamente morfínica que nos transvia e estaciona a consciência num paralisante estado de letargia. De destacar, ainda, o magnífico artwork brilhantemente ilustrado pelo inconfundível traço de Arik Roper (Earth, Sleep, High on Fire, Sunn O))),…) e que tão bem veste o disco. Inalem este “Grief’s Infernal Flower” e vivenciem esta estimulante e inolvidável psicose.

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