quarta-feira, 21 de outubro de 2015

All Them Witches | "Dying Surfer Meets His Maker" (2015)

Há muito que me habituara à ideia de que muito dificilmente os All Them Witches conseguiriam igualar o feito datado de 2013, aquando da criação de “Lightning at the Door” (o seu segundo álbum de estúdio e um dos grandes discos da minha vida). Este disco teve em mim um tremendo impacto do qual nunca recuperei verdadeiramente (e temo nunca vir a recuperar) fazendo desta banda uma das mais requisitadas ultimamente e das que mais anseio poder experienciar ao vivo. Numa análise mais redutora: considero “Lightning at the Door” um dos discos mais brilhantes e sedutores de sempre e, portanto, uma obra de muito improvável repetição. Foi então sob a pesada influência desta premissa que rodei o mais recente álbum deste quarteto natural de Nashville, Tennessee (EUA): “Dying Surfer meets his Maker” (que será lançado oficialmente dia 30 deste mês pelo selo da New West Records). E apesar de reconhecer que, a meu ver, não iguala a qualidade do seu antecessor, “Dying Surfer meets his Maker” intimidou o preconceito a ele dedicado previamente, desencorajando esta subestimação e consequentemente estimulando ainda mais toda a minha admiração por estes quatro músicos. Os três álbuns editados até à data (com maior apreço pelos dois últimos) são a prova irrefutável de que All Them Witches é uma banda tocada pela inspiração. O seu estilo inconfundível – e de semelhanças improváveis – de condução da sua música proporciona ao ouvinte uma inenarrável sensação de desmedido prazer. Da sua enérgica mistura entre o Heavy Blues e o Psych Rock sobressai a ternurenta sensibilidade exalada pelos solos e os radiantes e vigorosos riffs que coabitam numa transcendente, contagiante e imperturbável harmonia. “Dying Surfer meets his Maker” é um disco de sonoridade bastante atraente que nos apraz com espontaneidade. Deliciem-se com os admiráveis, luxuriantes e estarrecedores dedilhados de uma guitarra tanto melancólica quanto bem-disposta, criadora de atmosferas verdadeiramente fascinantes e siderais. Dancem ao som de um baixo desassossegado e dinâmico que com as suas pulsantes e acentuadas linhas se distende prazerosamente pelas serpenteantes estradas rítmicas. Agitem-se com as incursões acrobáticas e desvairadas de uma bateria que imprime ao riff uma extasiante dose de adrenalina. Sintam o bafo do deslumbramento ao som de um teclado onírico que acaricia a ambiência de “Dying Surfer meets his Maker” com destacada emoção, e apreciem a mélica e agradável voz que tempera na perfeição todo este rebentamento de êxtase. São 46 minutos de constante deslumbramento que nos transcende a um perpétuo estado de magnetismo. O ano musical de 2015 testemunha assim o acréscimo de mais um registo ao já populoso lote dos melhores discos criados nos seus domínios temporais. Para 2016 espero finalmente vê-los ao vivo naquele que terá tudo para ser um dos grandes concertos de uma vida.

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