domingo, 4 de outubro de 2015

Brain Pyramid | "Magnetosphere" (2015)

Sempre tive uma especial admiração por Brain Pyramid. Admiração essa que no outono do passado ano de 2014 me fez deslocar até Viseu para presenciar o intenso Psych n’ Blues deste power-trio sediado em Rennes, França. Nessa altura apresentavam ao vivo a sua recentíssima obra chamada “Chasma Hideout” que trazia ainda o odor a estúdio. Hoje, um ano depois, tive o prazer de escutar com toda a dedicação o seu novo trabalho “Magnetosphere” (pelo selo italiano Vincebus Eruptum Recordings) e devo confessar que escrevo estas palavras ainda sob o efeito inebriante que este disco perpetuara em mim. Já esperava tratar-se de um grande disco, mas a verdade é que “Magnetosphere” rasgou todas as costuras das expectativas que lhe dedicara. De instrumentos apontados ao Cosmos, este novo álbum do tridente francês é uma perfeita e espantosa odisseia canalizada pelas artérias espirituais que desaguam na incrível vastidão estelar. Sustentado pelo Psych n’ Blues com indiscretos chamamentos ao Space Rock e Acid Rock, “Magnetosphere” presenteia-nos ao longo dos seus 44 minutos de duração com uma extasiante, contemplativa e paralisante jam capaz de arrancar a nossa consciência pela raiz e impulsioná-la a um profundo estado de latência. A perfumada guitarra de Gaston Lainé adensa-se numa elegante e apaixonante performance de onde desprende solos gritantes e tresloucados que se perdem e encontram numa estonteante dança que nos orbita e seduz. O hipnótico baixo de Paul Arends envaidece-se com as suas linhas possantes e refinadas na incansável perseguição à guitarra, e a enérgica bateria de Baptiste Gautier-Lorenzo pauta com dinamismo e cativante orientação rítmica toda esta loucura deliciosamente governada pelos três instrumentos de mãos dadas. É demasiado fácil sentirem-se completamente absorvidos pela emocionante galopada que este disco encerra, e testemunharem a vibrante detonação do prazer. Deixem-se conduzir pelo fascinante caudal de “Magnetosphere” e vivenciem-no com merecida agitação. Uma verdadeira epifania.

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