terça-feira, 22 de março de 2016

Review: ⚡ Causa Sui - 'Return to Sky' (2016) ⚡

Causa Sui é muito provavelmente a grande banda da minha vida. Da sua requintada discografia tenho o ‘Causa Sui’, o ‘Free Ride’ e os três volumes do ‘Summer Sessions’ como os exemplos mais sérios e imediatos do que verdadeiramente me preenche no universo musical. Em 2009 – motivado em parte pela banda dinamarquesa – embarquei na maior aventura musical da minha vida (até ao momento) ao marcar presença no Festival de Psicodelia de Castell de Guadalest (no sul de Espanha), onde pude desfrutar de Causa Sui num enternecedor e inesquecível final de tarde em que comunguei ao vivo as ‘Summer Sessions’ tocadas praticamente na íntegra (para minha plena satisfação). Esse dia catapultara a minha admiração pelo quarteto dinamarquês aos mais sublimes e religiosos patamares e são hoje uma das poucas bandas que me fascinam absolutamente. Mesmo estando intimamente ligado aos primeiros registos da banda (que são os meus favoritos) os seus últimos álbuns não abrandam esta minha intocável veneração dedicada a Causa Sui, e sempre que a banda produz um novo álbum aponto-lhe – de forma instintiva – as mais elogiosas expectativas. E assim aconteceu na criação do seu mais recente trabalho ‘Return to Sky’, oficialmente lançado via El Paraiso Records no passado dia 18 de Março. Ouvi-o muito recentemente na totalidade e posso desde já adiantar que se trata de um sério candidato ao lugar de melhor álbum do ano (isto apesar do ano de 2016 ainda gatinhar).

‘Return to Sky’ representa a esperada (e desejada) sequela do seu precedente ‘Euporie Tide’, mantendo o seu tão característico manto primaveril tricotado pelo mais elegante e deslumbrante Psych Rock de contornos Kraut’eanos e Jazzísticos. A sua sonoridade extasiante entope todas as zonas erógenas da nossa mente, provocando em nós toda uma resplandecente imersão de doce e delirante prazer que nos faz planar de olhos selados e narinas dilatadas pelas edénicas e encantadoras paisagens de Causa Sui. Contando ainda com uma inebriante brisa Progressiva que nos serpenteia airosamente, este álbum encerra um verdadeiro paraíso que nos seduz e purifica sem qualquer inibição. Exaltem-se de forma intensa na espontânea resposta aos riffs provocantes e ardentes que se agigantam em ‘Return to Sky’, e desmaiem prazerosamente nos ataráxicos solos que nos massajam, entorpecem e alucinam. Este é um disco de elevado primor. Um disco que nos desprende a consciência pelos mais aromáticos e alegres jardins verticais da alma. Sintam o radioso encantamento de uma guitarra imensamente contemplativa que se espreguiça em solos hipnotizantes, fecundantes e sensuais que nos estimulam e tantalizam, e desata riffs erosivos, robustos e torneados que nos atacam e amotinam. Dancem ao som vigoroso e ritmado da respiração de um baixo pulsante, incansável na dinâmica e harmonioso sombreamento de toda esta comovente e embriagante comoção. Pulverizem a vossa alma com o lisérgico encantamento de um teclado envaidecido e sonhador que se passeia livremente pela radiosa e narcotizante atmosfera de ‘Return to Sky’. Sobressaltem-se com as incríveis e empolgantes acrobacias de uma bateria exótica que se inventa e reinventa na sua entusiástica e provocante cavalgada. ‘Return to Sky’ tem o dom de nos mumificar e imortalizar num perfeito estado de doce paralisia. Deixem-se bronzear pelas suas morfínicas emanações solares que vos adornarão do primeiro ao último tema, e evangelizem-se nesta nova fragância sonora de Causa Sui.

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