sexta-feira, 8 de julho de 2016

Review: ⚡ Ahkmed - ‘The Inland Sea' (2016) ⚡

Tudo em mim me obriga a começar por dizer que Ahkmed é uma das grandes bandas da minha vida. Conheci-os algures em 2009 – aquando do lançamento do magnífico álbum de estreia ‘Distance’ – e desde então que este power-trio australiano, natural da grande cidade de Melbourne, passou a ser das bandas por mim mais requisitadas. Regressar a Ahkmed teve sempre em mim um efeito tremendamente envolvente que me levara a vivenciar um intenso, etéreo e perdurável estado de deslumbramento. Depois de lançado ‘Distance’ a banda adormeceu num profundo coma de sete anos, só agora interrompido com o lançamento do tão ansiado e suspirado ‘The Inland Sea’ (pela mão do selo alemão Elektrohasch Records). 

Não precisei de ouvir um único tema do novo álbum para me apressar a adquiri-lo. Ahkmed é das poucas bandas na qual deposito plena confiança e este novo álbum não só nutriu essa sagrada cumplicidade, como superou todas as mais sublimes expectativas a ele dedicadas. ‘The Inland Sea’ é uma perfeita odisseia que nos transporta pela infinidade espacial, mantendo-nos relaxados, anestesiados e fora da órbita consciencial. Um disco que nos propulsiona aos mais longínquos e recônditos lugares do Cosmos narcotizado deixando para traz o corpo completamente inanimado. Fundamentado num lisérgico Psych Rock de natureza estelar aliado a um viajante Space Rock e um narrativo Post Rock em perfeita consonância, este ‘The Inland Sea’ representa o encantamento em estado musical. É verdadeiramente embriagante e sedutor deixarmo-nos conduzir pela fascinante, redentora e tantalizante sonoridade de Ahkmed e gravitar um perpétuo e resplandecente estado êxtase. Ouvi-lo sombreado e abraçado por um imenso céu estrelado é das mais incríveis experiências que a música me proporcionara. Divaguem ao delirante e bocejante som de uma guitarra gélida e errante que cruza os firmamentos de ‘The Inland Sea’ com estarrecedora sensibilidade, inalem a dançante e murmurante exalação de um baixo hipnótico que se passeia sumptuosamente pelas sidéricas paisagens sonoras de Ahkmed, baloicem-se com as enlevadas incursões de uma bateria conduzida de forma sedutora, e deixem-se liderar por uma voz destemperada, destilada dos mais distantes poros do Universo, nesta admirável ascensão espiritual. É demasiado fácil deixarmo-nos desvanecer nesta ataráxica saturação ao longo dos prazerosos 71 minutos de duração. Recostem-se, fechem os olhos, dilatem as narinas e comunguem todo este bronzeamento estelar propagado pelo embriagante ‘The Inland Sea’. Um dos mais sérios candidatos a melhor disco de 2016 está aqui, no tão aguardado regresso de Ahkmed.

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