sexta-feira, 17 de março de 2017

Review: ⚡ Hills - 'Alive At Roadburn’ (2017) ⚡

É ainda de alma fascinada e temulenta que escrevo estas elogiosas palavras inteiramente dedicadas ao maravilhoso terceiro álbum da banda sueca Hills. Como o nome sugere, ‘Alive At Roadburn’ foi captado ao vivo na passada edição de 2016 do já carismático festival holandês Roadburn e seguramente encherá de orgulho quem teve a fortuna de vivenciar esta encantadora cerimónia, bem como castigará de inveja quem – como eu – não estivera presente na cidade de Tilburg entre os dias 14-17 de Abril. Lançado hoje mesmo pelo selo inglês Rocket Recordings nos formatos físicos de CD e vinil (reforçando – assim – a relação de fidelidade entre a banda e o selo discográfico independente), este ‘Alive At Roadburn’ é uma edénica, deslumbrante e envolvente passeata pela ainda curta mas deliciosa discografia da banda escandinava de raízes sepultadas na cidade de Gotemburgo. Depois de no passado ano de 2015 ter obedecido à resplendorosa e desmedida lubricidade de ‘Frid’ (review aqui) hoje sinto-me compelido a tentar descrever com justiça e fieldade tudo o que este novo álbum representa e provocara em mim. Baseado num místico, prazeroso e lenitivo Krautrock que nos abraça e bronzeia de doce e intensa inércia, e num quente, requintado e delirante Psych Rock de poderosos e duradouros efeitos alucinógenos, ‘Alive At Roadburn’ tem o dom de nos amortalhar e saturar num pleno e paradisíaco estado de êxtase que nos massaja o cerebelo do primeiro ao último tema. O ouvinte é submetido a uma etérea, profunda e agradável hipnose promovida por duas sublimes guitarras que se entrelaçam em uivantes, arrebatadores e serpenteantes solos e se unem na construção e condução de beatíficos, mântricos e anestésicos riffs que nos convidam ao sagrado transcendentalismo, um baixo sonolento e contemplativo de linhas pausadas, robustas e pulsantes, uma bateria tribalista de inventiva e estimulante ritmicidade, uns vocais xamânicos e divinizados que conduzem a nossa espiritualidade ao transe, e ainda um perfumado sintetizador que com a sua psicotrópica exalação canoniza toda a radiosa, mágica e extraordinária atmosfera de ‘Alive At Roadburn’. Mergulhem nesta profunda narcose e vivenciem um dos álbuns mais esplêndidos de 2017. Não vai ser fácil regressarem desta extensa peregrinação pelas douradas, tórridas e aveludadas areias de um distensível deserto que se espreguiça e desagua no mais puro enlevamento.

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