sexta-feira, 5 de maio de 2017

Review: ⚡ Cachemira - 'Jungla' (2017) ⚡

Cachemira é hoje – muito possivelmente – a minha banda preferida da vizinha Espanha. Formado das cinzas de Prisma Circus e da aparente reforma temporária de bandas como 1886 e Brain Pyramid, este apurado e euforizante power-trio enraizado na cidade de Barcelona conquistara-me no primeiro encontro. Foi lotado das mais elevadas expectativas que os vi subir ao palco na passada edição do festival Sonic Blast Moledo (review aqui) e a sua prestação ao vivo deixou-me totalmente estarrecido, fascinado e em constante salivação pelo lançamento do seu tão aguardado álbum de estreia. ‘Jungla’ é a designação deste portentoso disco que na próxima semana será oficialmente lançado pelo selo discográfico romano Heavy Psych Sounds nos formatos físicos de CD e vinil, e nele vigora um elegante, entusiástico e ardente Heavy Psych N’ Blues recuperado dos dourados e carismáticos 70’s. A sua sonoridade verdadeiramente extravagante, hipnótica e galopante – que se passeia equilibradamente pela ténue linha entre a doce e envolvente contemplação e a inflamante e contagiante excitação – tem o dom de nos amotinar numa intensa comoção de prazer que nos comove e endoidece ao longo dos 33 minutos que incorporam este requintadíssimo ‘Jungla’. Deixem-se conduzir à estonteante boleia de uma guitarra sublime e absorvente que se serpenteia envaidecidamente em voluptuosos, exóticos e intrigantes riffs e se transcende em eróticos, estonteantes e furiosos solos, uma voz corpulenta, escarpada e destemperada que contrasta na perfeição com o primor instrumental, um baixo dançante e reverberante de linhas magnéticas, sólidas, robustas e torneadas que veleja livremente os majestosos mares de Cachemira, e ainda uma bateria verdadeiramente aliciante que com as suas incríveis e mirabolantes acrobacias – regadas a perícia e emoção – esporeia toda esta desvairada e exuberante cavalgada. O irrepreensível, preclaro e adorável artwork foi minuciosa e superiormente elaborado pelo Smoke Signals Studio. Estamos na presença de um álbum verdadeiramente agradável, esmerado e delirante que provocará na alma do ouvinte uma intensa e demorada ressaca espiritual. Ofusquem-se na extasiante e resplandecente sublimidade de ‘Jungla’ e vivenciem um dos mais deslumbrantes discos lançados em 2017.

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