quinta-feira, 4 de maio de 2017

Review: ⚡ Witchfinder - 'Witchfinder' (2017) ⚡

Da cidade francesa de Clermont-Ferrand chega-nos o enigmático, fumarento e demoníaco álbum de estreia do power-trio Witchfinder. Lançado no passado dia 2 de Maio em formato digital e fundamentado num intrigante, obscuro e aterrador Psych Doom que se enlameia nos viscosos pântanos do corrosivo, áspero e nebuloso Sludge Metal, este terrífico (no sentido elogioso da palavra) ‘Witchfinder’ sombreara e enfeitiçara a minha alma do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade tirânica, soturna e carregada agiganta-se numa monolítica e poderosa avalanche de funesta e luciférica reverberação que nos desgasta, arrasa e narcotiza ao longo dos 42 minutos de duração. Este imperioso disco encerra uma essência ritualística que nos seduz, hipnotiza e converte em seus devotos evangelizadores. É demasiado fácil tombar o semblante de encontro ao peito, cerrar as pálpebras e nos deixarmos conduzir pela atmosfera melancólica, desolada e cataclísmica de ‘Witchfinder’ ao profano som de uma guitarra medonha e sombria que se fortifica em riffs robustos, sepulcrais e depressores, um baixo corpulento de linhas pausadas, pulsantes e opressivas, uma bateria trovejante de galope pesado e vagaroso, e ainda uma voz sinistra, fantasmagórica e penetrante que nos enluta e atemoriza. O luxuoso e excepcional artwork é da autoria do virtuoso ilustrador Maciej Kamuda que traduzira na perfeição para o universo visual tudo o que a inquisidora sonoridade deste disco nos segreda. ‘Witchfinder’ é um álbum verdadeiramente imponente que nos encobre com a sua profunda e intensa escuridão e nos sepulta num perpétuo e febril estádio de prostração. Este é muito possivelmente o mais sublime e provocante álbum de Doom que comungara em 2017 e certamente um dos mais elogiados e condecorados no final do mesmo. Entreguem-se a esta influente e envolvente cerimónia profana que vos dominará e encaminhará ao lado eclipsado da existência humana.

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